Thursday, March 06, 2008

E quem se importa?

Quando faço o trajecto de casa para o emprego, gosto de aproveitar esse tempo, observando as pessoas, lendo, pensando, sonhando. Ficarei bastante triste se alguma vez me aperceber que o tempo passado nos transportes se resume a isso, tempo passado. Sou da opinião que devemos aproveitar todos os momentos, mesmo aqueles que aparentemente são desprovidos de interesse.

Um dos meus pequenos prazeres é ouvir música, e por vezes gosto de vir com os meus headphones, saboreando a música que seleccionei. E há dias em que me sinto particularmente bem disposto, pelo que não é raro subir as escadas ao som do ritmo dos sons. Causa-me estranheza os olhares que por vezes me deitam, como se eu fosse algum bicho estranho por exibir um sorriso ao caminhar, por deixar que a música comande os meus passos. Os olhares recriminadores, que soam a “já não tem idade para fazer aquilo”, “deve ser parvinho, a dançar na rua” ou “que tristeza, a comportar-se desta maneira” fazem-me pensar: quem é o verdadeiro triste nesta história? Aquele que não tem receio de demonstrar que está de bem com a vida ou aquele que rejeita tudo o que saia do lugar comum, da carneirada que parece ser o padrão “normal”?

Li em tempos que o verdadeiro Homem é aquele que em adulto conserva o coração duma criança. Acredito nisto com todas as minhas forças e garanto que não serás tu, povo triste, a fazer-me mudar de opinião.

Aproveitem a vida!
Rafael

5 comments:

Gata Verde said...

Ainda hoje dei por mim a cantar Depeche mode enquanto caminhava pela estação do Rossio...mas olhei primeiro ao meu redor,porque a minha voz não é por aí além!

Beijinhos e bom fds

Z said...

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si MESMO.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa AJUDAR.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não CONHECE.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu GURU.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, seu amor, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.
Estejamos sempre vivos.

Pablo Neruda

Safira said...

Eu deixei de usar headphones no dia em que a minha prima, que viajava comigo no autocarro, me disse: ou páras de cantar alto ou páras de ouvir música. Eu continuei a cantar para dentro, mas nos headphones nunca mais toquei. É que, eu também sofro desse bicho cantante cá dentro, e não consigo, mas não consigo mesmo, estar calada. E como não quero incomodar o pessoal à volta, reservo as cantorias só para mim (ou para os pacientes amigos que me aturam os coros). Mas acho lindamente que continues com essa tua postura. Se eu um dia te encontrar, a dançar escada acima ou abaixo, pisco-te o olho e sorrio-te em cumplicidade. Não ligues aos cinzentões!!
Beijos

Ka said...

Isso acontece-me no carro, vou a cantar ou então vou a falar com o meu filho e as pessoas, que não reparam que ele está atra´s na cadeirinha, olham para mim como se eu fosse uma atrasada mental...
Triste esta gente que tem medo de ser alegre e espontânea!

Beijinhos e uma exclente semana!!

Nenúfar Cor-de-Rosa said...

Há muitos de nós que ainda andam assim - com um sorriso no rosto, eu sou uma delas e não me importo que os outros olhem para mim e me achem estranha. E às vezes, só às vezes, e ainda bem...é contagioso. Gostei do blogue, voltarei com certeza. Beijo.