Tuesday, October 20, 2009

Não quero seguir esse caminho

Tenho medo daquilo em que me estou aos poucos a transformar. Tenho medo de cada vez mais estar a ser engolido pela sociedade actual, renegando os valores que sempre me guiaram e dos quais sempre me orgulhei.

Um destes dias saí do emprego, para regressar a casa. Coloquei o MP3 nos ouvidos e preparei-me para me refugiar na música, pois a paciência para ouvir conversas banais há muito que se esgotou. Fui então abordado por um sem-abrigo, que me pediu algo para poder comer. Fixei-o nos olhos e abanei negativamente a cabeça, sem me deter. Quando estava prestes a entrar na boca do metro, parei, ainda com o olhar daquele homem no pensamento. Sim, daquele homem. Quem era eu para ignorar assim alguém que estava com fome? Como poderia levar para casa aquela súplica silenciosa, como se não tivesse sido nada?

Voltei atrás e despejei-lhe nas mãos todas as moedas que tinha, retirando-me antes que ele pudesse agradecer, pois eu não merecia tal gentileza. Mas a dor não passou, nem passará. O sem-abrigo continua lá, dependente de pessoas que parem para o ajudar, que reconheçam que ele existe. E tenho medo do dia em que seguirei em frente, pois isso significará que o verdadeiro proscrito pela sociedade serei eu...

1 comment:

Ka said...

Que sejas bem regressado:)

Quanto ao que escreves, por vezes sinto-me como tu, parece que vamos ficando pedra...frios e insensíveis. Talvez se pensássemos mias vezes que poderíamos ser nós ali a nossa atitude mudasse radicalmente.

Beijinho