tag:blogger.com,1999:blog-54091255091769483142024-02-20T12:47:45.779+00:00Pensamentos Desejos DesabafosEspaço onde coloco as sensações que o mundo me provoca, através duma música, uma imagem, uma palavra. Sem destino, com o objectivo único de provar a mim mesmo que vale a pena pensar que existo...Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.comBlogger19125tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-89766287960361214092010-11-26T16:05:00.000+00:002010-11-26T16:08:22.541+00:00Greve geral ou palhaçada geral?<div align="justify"><span style="font-family:arial;">Efectuou-se no passado dia 24 uma Greve Geral. Um sucesso, segundo os sindicalistas, com pouco impacto, segundo o Governo. Sinceramente, estou-me a borrifar. Não fiz greve, pois considero que em nada beneficiaria o país, além de que prejudicaria a empresa que me paga, a qual sempre cumpriu com as suas obrigações para comigo.<br /><br />Por outro lado, nunca aderirei a uma greve convocada pelos sindicatos actuais. Estes, na minha opinião, fazem parte do problema e não da solução. São na sua maioria pessoas filiadas nos partidos políticos, influenciados mais pelas ideologias do que pela real defesa dos trabalhadores. São pessoas que fazem do sindicalismo a sua forma de vida, sendo que muitos deles não exercem efectivamente uma profissão. Como poderão os trabalhadores serem defendidos por pessoas que não trabalham? Como poderá ser combatido o vampirismo que ataca a classe operária quando os seus representantes sindicais também sobrevivem à custa dele?<br /><br />Se a intenção da greve era protestar contra as medidas de austeridade que foram anunciadas, não percebo, pois estas são necessárias. Injustas? Claro, pois quem nos arrastou para esta situação passará incólume às mesmas, o que já não sucederá com os mais necessitados. Mas o problema principal irá subsistir, pois todas estas medidas apenas servirão para anestesiar o monstro, não para o erradicar.<br /><br />Só quando nos conseguirmos livrar de toda esta corja que nos suga, desde os políticos até aos sindicalistas, é que poderemos verdadeiramente deitar mãos à obra e colocar Portugal no caminho do desenvolvimento e da justiça social. Até lá? Vão-se fazendo greves e aprovando medidas de austeridade. </span></div>Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-13330983932340913652010-05-25T13:09:00.002+01:002010-05-25T13:10:42.677+01:00Onde nos levará esse caminho?Ainda que timidamente, foi anunciada a criação da primeira célula viva com genoma sintético. Reconheço ser um leigo na matéria, mas o que isto tem por detrás é a criação de vida em laboratório a partir de substâncias sintéticas.<br /><br />Claro que o anúncio vem acompanhado das imensas potencialidades que esta descoberta acarreta, todas elas benéficas para a raça humana. Infelizmente a história mostra-nos como mais cedo ou mais tarde existem aproveitamentos menos claros destes avanços científicos.<br /><br />Sou completamente a favor do progresso e da ciência, mas tratando-se da criação de vida, algo em mim se arrepia. Socorrendo-me da mitologia grega, uma coisa foi Prometeu roubar o fogo aos deuses e ofertá-lo aos humanos, para garantir a sua sobrevivência. Outra coisa é os humanos já não se contentarem com a posse do fogo ou a fórmula do mesmo, pretendendo eles próprios serem deuses. E isso soa-me tremendamente errado.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-48865817643328386832010-05-11T10:33:00.001+01:002010-05-11T10:33:57.769+01:00Quo Vadis, Igreja Católica?O Papa chega hoje a Portugal, no meio de um circo mediático e de medidas de segurança sem paralelo na nossa história.<br /><br />Pouco me importa a visita em si, ou a mensagem que ele irá transmitir. O que me vem sim à cabeça é onde chegou uma Igreja que começou com o filho de um carpinteiro, teve como primeiro Papa um pedreiro e se limitava a uma simples mensagem, amar o próximo.<br /><br />O que se vê agora? Uma sofisticação tremenda, cadeirões de pele com fios de ouro, tentativa de ocultar escândalos, comprando sempre que possível o silêncio das vítimas... esta não é certamente a Igreja com que Jesus sonhou, e não compreendo como tanta gente ainda se reconhece nela.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-73375784976502309492010-01-08T15:39:00.001+00:002010-01-08T15:41:11.787+00:00Nem mais nem menosCheguei a um ponto da minha vida em que constato ter poucos amigos. De tantas relações, de tantas amizades, de tantos contactos, são poucos os que subsistem, dos quais posso efectivamente dizer que me têm acompanhado nesta aventura que é a existência.<br /><br />Feitio difícil, dizem uns. Intransigente, dizem outros. Verdadeiro, digo eu. Orgulho-me de, não importa perante quem ou perante que situação ser transparente e directo. Sei que esta forma de ser afasta muitas pessoas mas também sei que isso não me pode afectar para além deste desabafo. Quem lida comigo sabe sempre com o que pode contar, para o bem e para o mal. Se o que procuram é amizade de circunstância, personalidade distorcida para se adaptar aos gostos individuais, enganaram-se na porta. Se o que procuram é uma amizade honesta e sem subterfúgios, bem-vindos à minha vida.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-33904498482095918982009-12-21T10:09:00.002+00:002009-12-21T10:10:39.730+00:00Feliz Natal, Sr. VenturaO Ventura é um velho, como tantos outros que povoam o nosso país. Oitenta e cinco anos de esforço, de dificuldades, de trabalho, que mesmo assim não lhe garantiram algo básico, como um tecto para viver.<br /><br />O Ventura, tal como outros escorraçados da sociedade, não sabe onde vai passar o Natal, nem como o vai passar. Uma vida inteira de trabalho não lhe permite uma reforma digna, uma velhice sossegada. O Ventura vai ter de lutar até ao último fôlego, tendo feito da sua travessia pela vida uma imensa batalha, da qual não tirou qualquer glória ou espólio.<br /><br />E o que faz o país do Ventura? Ocupa-se de temas verdadeiramente importantes, como o casamento entre homossexuais, os processos jurídicos intermináveis, o destino final de uma corrida de aviões. Tenho nojo de um país assim, em que os valores se encontram completamente distorcidos, para benefício de apenas alguns. Prevalece a cultura do compadrio, do favorecimento, da palmadinha nas costas.<br /><br />Só espero que os Venturas te consigam perdoar tamanha indiferença, Portugal, pois eu não o farei.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-61135377527373610522009-10-20T17:26:00.004+01:002009-10-20T17:29:47.564+01:00Não quero seguir esse caminhoTenho medo daquilo em que me estou aos poucos a transformar. Tenho medo de cada vez mais estar a ser engolido pela sociedade actual, renegando os valores que sempre me guiaram e dos quais sempre me orgulhei.<br /><br />Um destes dias saí do emprego, para regressar a casa. Coloquei o MP3 nos ouvidos e preparei-me para me refugiar na música, pois a paciência para ouvir conversas banais há muito que se esgotou. Fui então abordado por um sem-abrigo, que me pediu algo para poder comer. Fixei-o nos olhos e abanei negativamente a cabeça, sem me deter. Quando estava prestes a entrar na boca do metro, parei, ainda com o olhar daquele homem no pensamento. Sim, daquele homem. Quem era eu para ignorar assim alguém que estava com fome? Como poderia levar para casa aquela súplica silenciosa, como se não tivesse sido nada?<br /><br />Voltei atrás e despejei-lhe nas mãos todas as moedas que tinha, retirando-me antes que ele pudesse agradecer, pois eu não merecia tal gentileza. Mas a dor não passou, nem passará. O sem-abrigo continua lá, dependente de pessoas que parem para o ajudar, que reconheçam que ele existe. E tenho medo do dia em que seguirei em frente, pois isso significará que o verdadeiro proscrito pela sociedade serei eu...Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-27118353223722913202009-02-21T17:55:00.001+00:002009-02-21T17:56:39.475+00:00GRITA!!!Saí de casa sem rumo, espelho da confusão que era agora a minha vida. Tinha mil pensamentos na cabeça, sendo o simples esforço de tentar ordená-los demasiado penoso.Como tinha deixado as coisas chegarem àquele ponto? Em que altura da vida tinha perdido a convicção que sempre me caracterizara? Logo eu, que sempre desprezei quem desaproveitava o dom da vida e fugia da forma mais cobarde aos problemas, estava agora a questionar-me se valeria a pena continuar.<br /><br />Quase sem dar por isso estava estacionado junto ao Cabo Espichel, lugar onde desde sempre costumava ir para meditar. Estava sozinho, a tempestade que se começava a manifestar não convidava a passeios. Quem me tinha conduzido ali? A minha consciência ou algo superior, que me queria obrigar a tomar uma decisão?<br /><br />O vento soprava agora com violência e começava a chover abundantemente. Mas não me sentia desconfortável, antes pelo contrário. A visão daquele mar poderoso, violento, incansável tinha-me aclarado a mente. Aproximei-me da beira, para melhor contemplar aquele espectáculo proporcionado pela natureza. Lentamente abri os braços, sentindo o vento a envolver-me. Olhei para cima, enfrentando a chuva que me fustigava a cara, cada gota sentida mais intensamente que a anterior.<br /><br />Quem era eu para ter o direito de desistir, perante aquela manifestação de força? Consegues sentir o mar? O vento? A chuva? Eles nunca desistirão, eles são a natureza! GRITA-LHES! SENTE! TU ÉS A NATUREZA! VIVE-A!<br /><br />O vento projectou-me para trás, fazendo-me cair de costas. Não sei quanto tempo fiquei ali no chão, imóvel, mas a sentir-me mais vivo do que nunca. Quando a tempestade começou a acalmar, levantei-me. A quem quer que me tenha levado ali, obrigado. Nunca esquecerei esta lição.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-67244289069139799692008-11-16T15:42:00.004+00:002008-11-16T15:45:35.111+00:00Adeus, Mago<div align="justify">- Olá, amigo. Como te sentes hoje?<br /><br />Nos últimos meses era aquele o meu ritual pela manhã, sentar-me ao pé do Mago, o meu companheiro de tantos anos, tentando dar-lhe um pouco do conforto que a doença teimava em não lhe permitir.<br /><br />Não conseguia vê-lo como um cão, não quando havia tanto sentimento naquele olhar. Tinha perdido a conta os passeios que tínhamos dado, os abraços que tínhamos trocado, as brincadeiras que duravam horas. Mesmo os momentos em que ficávamos em silêncio, contemplando o pôr-do-sol, tinham contribuído para a criação de um laço tão forte entre nós que nunca poderia ser visto como a de uma simples relação homem / mascote. Não, ele era um amigo, que sempre esteve presente tanto nos bons como nos maus momentos. O seu olhar dizia mais do que muitas palavras, quem se atrevia a dizer que os cães não falavam?<br /><br />Mas o Mago estava velho, assolado por todas aquelas doenças próprias duma idade avançada. Já não se levantava da sua cama junto à lareira, donde teimava em continuar a acompanhar toda a actividade da casa, sofrendo por não poder participar. Sentava-me ao lado dele e falávamos durante horas, relembrando aventuras e desventuras. Sempre que me levantava, ele tentava acompanhar-me, mas sem conseguir. Não sei o que mais o magoaria, o esforço da tentativa ou a frustração de não conseguir.<br /><br />O estado dele piorava de dia para dia, levando-me cada vez mais a interiorizar a ideia de que ele não aguentaria muito mais, ou melhor, eu não aguentaria continuar a vê-lo assim. Uma manhã ganhei coragem e peguei no comprimido que o veterinário me tinha dado há três meses atrás. O egoísmo que me tinha impedido de aceitar a separação nessa altura era o mesmo que agora me impedia de o ver sofrer, mas que fazer? Um ser tão nobre não merecia continuar a viver assim, se é que aquilo se podia chamar viver.<br /><br />Sentei-me a seu lado, colocando a sua cabeça no meu colo. Notava-se que as minhas festas lhe aliviavam a dor, tornando a sua respiração mais calma, menos sofrida. Por momentos os nossos olhares cruzaram-se... ele sabia o que eu ia fazer. Quando as minhas lágrimas começaram a cair, lambeu-me gentilmente a mão, como que dando o seu consentimento. Coloquei-lhe o adeus na boca e fiquei ali, sentindo o seu coração bater até ao fim.<br /><br />- Perdoa-me, Mago, porque eu nunca me perdoarei...</div>Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-36077157218279454332008-10-28T18:16:00.000+00:002008-10-28T18:18:49.353+00:00Já não me importaDiz-me abertamente, esperas algo de mim? Pensarás que estarei ainda destinado a grandes feitos? Ou para ti sou apenas mais um número, contabilizado nesse enorme balanço a que chamas humanidade?<br /><br />Dói-me a alma, Sonho, por tanto querer e pouco conseguir. Dói-me o corpo, Vida, por tanto lutar e nada conquistar. Sinto-me um joguete nas mãos de quem não conheço, refém dos caprichos de quem reneguei. É esse o meu castigo, ficar eternamente na dúvida sobre o que poderia ter sido? Pobre de ti, que julgas assim punir-me. E pobre de mim, por já não me importar com tal destino.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-47502545619343465632008-10-16T11:43:00.001+01:002008-10-16T11:47:19.371+01:00O céu não é o limitePor vezes sinto que a minha esperança no futuro do mundo se esvai por completo. Basta folhear um jornal, onde numa página se relata que morrem centenas de crianças por dia por causas evitáveis, enquanto na página seguinte se descobre que num qualquer país árabe se vai construir um prédio com mais de um quilómetro de altura.<br /><br />Não me restam dúvidas que o homem se preocupa em chegar ao céu antes de resolver os seus problemas em terra. E quando assim é, as bases que sustentam tais feitos são frágeis, e têm a ruína como destino final. Só espero que dos destroços surja uma nova geração que tenha as prioridades mais humanizadas, e que saiba que as asas se ganham com atitudes, não com metros de construção.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-11324932332192910912008-08-28T18:01:00.001+01:002008-10-16T11:46:49.974+01:00Ainda nãoVejo-te mas não te sinto<br />Sinto-te mas não te tenho<br />Tenho-te mas não te conheço<br />Conheço-te mas não te quero<br /><br />Sei que me aguardas, Morte<br />És o destino que me espera<br />Não tenho medo, simplesmente acho cedo<br />Tenho tanto para ver, tanto para sentir<br />Tanto para ter, tanto para conhecer<br /><br />Não me queiras já, não me seduzas ainda<br />Deixa-me vaguear um pouco mais<br />Adia a minha hora derradeira<br />E que essa viagem se revele no fim como um novo começo.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-91861343293062853592008-08-18T15:30:00.000+01:002008-08-18T15:32:00.601+01:00Para onde me sopras?Por vezes sinto-me na vida como uma folha ao vento. Arrancado da Árvore, vou andando consoante os acontecimentos, soprado daqui para acolá, sem conseguir perceber muito bem se a minha existência tem um destino ou apenas múltiplas etapas. Enquanto isso não se torna claro, apenas existo, vagueando ao sabor do vento, o qual por vezes me conduz ao contacto com as pessoas. Tocado por muitos, compreendido por poucos, sinto cada vez mais saudades do local que não conheço e que nunca alcançarei, mas onde estou certo encontraria a paz. Resta-me esperar pelo derradeiro contacto, com a Terra, de onde poderei finalmente olhar para o alto, para a minha origem, e questionar-me se o que fiz me conduziu ali ou apenas terá sido fruto do acaso. E talvez aí saiba se tudo foi em vão.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-54710067688003201332008-06-09T00:07:00.002+01:002008-06-09T00:11:11.630+01:00Para sempre - II<div align="justify"><span>Era a cena perfeita, mãe e filho brincando no meio da relva, indiferentes a tudo e todos à sua volta. Quantas vezes já tinha presenciado aquele cenário? Quantas vezes mais iria presenciar? Ela sorridente, atenta a todos os gestos do filho, ele deliciado por ter ali a mãe, só para ele, como se o tempo tivesse parado, sem sentido. Para ele não havia horas, nem dias, nem anos, apenas <span>uma deliciosa e perpétua brincadeira.<br /><br />Não olhavam para ele, nem mesmo quando o seu rosto se encheu de lágrimas. Era sempre assim. Não suportava </span></span><span>mais ver e, no entanto, dia após dia ali estavam eles, a brincar como se nada fosse. Era como se o seu coração fosse esmagado, carregando consigo uma culpa desconhecida.<br /><br />De repente ela levantou-se e caminhou na sua direcção. Como era linda, em todos os pormenores, desde o sorriso até à forma de andar. Chegou ao pé dele, com um sorriso triste e preocupado, pegando-lhe suavemente na mão:<br />- Meu amor, isto está a matar-te. Peço-te, deixa-nos ir. Tinhas-me prometido que era a última vez...<br />Ele abraçou-a, com toda a força que tinha, gritando-lhe:<br />- Não consigo!<br /><br />Foi então que acordou. Estava sozinho no quarto, tendo por única companhia aquele Deus em que já não acreditava. Já tinham passado mais de 5 anos desde que tinha perdido a sua família, naquele desastre de avião, mas não havia um só dia em que o seu pensamento não os encontrasse. Tudo o torturava, o não lhe ter dado mais um beijo, o não ter tocado no cabelo do filho uma vez mais, o continuar sem perceber o porquê de lhe ter sido arrancado tão brutalmente tudo aquilo por que alguma vez sentiu amor.<br /><br />Amor... que ironia. Era precisamente esse o motivo apontado na carta de despedida do louco que fez explodir o avião onde mãe e filho viajavam. Que amor? Que Deus? Que vida lhe restava? Voltou a deitar-se, tentando voltar a vê-los. Uma vez mais...</span></div>Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-57759106357173171172008-04-08T22:42:00.001+01:002008-04-08T22:44:03.745+01:00Quanto valem os Direitos Humanos?<div align="justify">A propósito do possível boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim, ouvi ontem as palavras do Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Foi com incredulidade que o ouvi afirmar que é utópico pretender isolar a China pois ela é demasiado grande, e o mundo precisa dela.<br /><br />Não está aqui em causa o boicote ou não, cuja eficácia até seria mínima, mas o verdadeiro alcance destas palavras. É raro um político ter esta coragem, de dizer abertamente que os interesses económicos estão acima dos direitos humanos. Fosse um qualquer país insignificante, pois viriam as sanções económicas, as declarações inflamadas sobre a obrigatoriedade de respeitar os direitos humanos, as ameaças de isolamento. Mas tratando-se de um país com mais de um bilião de consumidores, o discurso suaviza-se, outros valores entram em cena, afinal não convém incomodar o gigante.<br /><br />No fundo, o que pesará na consciência o esmagar de um qualquer povo perdido nos Himalaias, comparado com a possibilidade de maltratar a nova galinha dos ovos de ouro? Pouco ou nada, certamente, e outras oportunidades haverão para os políticos manifestarem a sua faceta humanista, oportunidades que não mexam com a ordem vigente.<br /><br />Pois a mim dói, quase tanto como o sentimento de impotência com que ouço as palavras e presencio os actos. Resta-me o desprezo absoluto para com essa raça que nos governa, e que quase nos faz esquecer que antes de consumidores somos pessoas.</div>Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-82091841446215275992008-03-20T22:01:00.002+00:002008-03-20T22:03:28.698+00:00Para sempre - Parte IAcordou sobressaltado. Olhou para o relógio, faltavam alguns minutos para as 3 da madrugada. O avião rasgava agora os céus em pleno Índico, indiferente à paisagem e ao seu destino.<br /><br />Olhou para ela, a sua companheira de toda a vida. Como ele gostava de a ver dormir, com aquela calma que só emana das pessoas puras. Que paixão ele continuava a sentir por aquela mulher, que as rugas e alguns cabelos brancos teimavam em tentar envelhecer.<br /><br />A sua paixão não foi um caso de amor à primeira vista, tiveram a felicidade de ser primeiro amigos, amizade essa que continuava a ser a trave mestra do seu relacionamento. Ainda hoje discutiam quem se tinha apaixonado primeiro, revivendo todos os momentos antes do primeiro beijo. Nunca conseguiam chegar a consenso, apenas que a paixão sempre esteve lá, escondida, à espera do momento certo para se revelar.<br /><br />Quanto a ele, sabia perfeitamente qual tinha sido o momento, na casa de férias de uns amigos. Ela tinha-se encostado à ombreira da porta, ficando a olhar para um jogo qualquer com que alguns se entretinham, e ele ficou a observá-la. O aperto no peito, o disparar do coração não lhe deixaram dúvidas, era aquela a mulher com quem queria viver todas as vidas.<br /><br />Tinham sido felizes até então. E para isso bastava cumprirem a única jura que fizeram, amar-se e envelhecer um junto ao outro. Mas isso estava prestes a terminar... O que mais o enraivecia era a impotência para lutar contra o destino, vontade divina ou entidade que realmente regia as suas vidas.<br /><br />Acariciou-lhe os cabelos, deu-lhe um beijo na face e sussurrou-lhe:<br />- Procura por mim na próxima vida...<br /><br />E o avião explodiu.Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-34149758026340058622008-03-06T10:42:00.001+00:002008-03-06T10:44:15.841+00:00E quem se importa?<div align="justify">Quando faço o trajecto de casa para o emprego, gosto de aproveitar esse tempo, observando as pessoas, lendo, pensando, sonhando. Ficarei bastante triste se alguma vez me aperceber que o tempo passado nos transportes se resume a isso, tempo passado. Sou da opinião que devemos aproveitar todos os momentos, mesmo aqueles que aparentemente são desprovidos de interesse.<br /><br />Um dos meus pequenos prazeres é ouvir música, e por vezes gosto de vir com os meus headphones, saboreando a música que seleccionei. E há dias em que me sinto particularmente bem disposto, pelo que não é raro subir as escadas ao som do ritmo dos sons. Causa-me estranheza os olhares que por vezes me deitam, como se eu fosse algum bicho estranho por exibir um sorriso ao caminhar, por deixar que a música comande os meus passos. Os olhares recriminadores, que soam a “já não tem idade para fazer aquilo”, “deve ser parvinho, a dançar na rua” ou “que tristeza, a comportar-se desta maneira” fazem-me pensar: quem é o verdadeiro triste nesta história? Aquele que não tem receio de demonstrar que está de bem com a vida ou aquele que rejeita tudo o que saia do lugar comum, da carneirada que parece ser o padrão “normal”?<br /><br />Li em tempos que o verdadeiro Homem é aquele que em adulto conserva o coração duma criança. Acredito nisto com todas as minhas forças e garanto que não serás tu, povo triste, a fazer-me mudar <span>de opinião.<br /><br />Aproveitem a vida!<br />Rafael</span></div>Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-47046253323435916652008-02-22T11:54:00.001+00:002008-03-06T10:42:44.519+00:00Quanto vale uma vida?<div align="justify"><span>41 segundos, é a resposta. Pelo menos a avaliar pelo comportamento que frequentemente presencio na Estação de Comboios do Cacém. 41 segundos é o tempo que demora um comboio a abandonar a estação, deixando o caminho livre para as pessoas atravessarem em segurança para o outro lado. No entanto, são inúmeros os indivíduos que arriscam a vida, correndo à frente do comboio para poderem poupar 41 segundos.<br /><br />Algo está mal nesta situação. Quando o Homem nega o seu instinto mais primário, o da sobrevivência, para poder poupar tempos ridículos, é sinal que os nossos valores estão enfermos. Quem nunca sentiu que arriscou por nada, fosse por ter atravessado com o sinal vermelho, fosse por ter feito uma ultrapassagem mais ousada, fosse pelo que fosse?<br /><br />Estará o valor da vida humana tão em baixo que nos damos ao luxo de a pôr em jogo por insignificâncias? Talvez seja chegada a hora de repensarmos o que andamos cá a fazer, porque certamente não é para sermos tão levianos com a dádiva que nos foi concedida.<br /><br />Aproveitem a vida!<br />Rafael</span></div>Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-52268537169316239942008-02-19T13:39:00.003+00:002008-03-06T10:42:11.116+00:00Doze Palavras, Doze ImagensA <a href="http://o-blog-da-ka.blogspot.com/">KA</a> resolveu apadrinhar este Blog lançando-me um desafio. Doze palavras, que tentem revelar a minha personalidade, se possível em...<br /><br /><strong>Paz –</strong> o que ambiciono e que por vezes me falta<br /><strong>Romance –</strong> para adoçar a vida<br /><strong>Oculto –</strong> fascina-me o que não conheço<br /><strong>Felicidade –</strong> objectivo maior, que guia a minha vida<br /><strong>União –</strong> tudo o que conseguimos tem sentido partilhando com quem nos acompanha<br /><strong>Novidade –</strong> sempre, a monotonia é um perigo para todas as relações<br /><strong>Destino –</strong> somos nós que o fazemos<br /><strong>Igualdade –</strong> é um sonho, constantemente posto à prova<br /><strong>Dançar –</strong> com as palavras, com os sons, permite sonhar<br /><strong>Aventura –</strong> faz-me sentir vivo<br /><strong>Demónio –</strong> todos temos os nossos, mais ou menos controlados<br /><strong>Existência –</strong> o nosso maior bem, tantas vezes mal aproveitado<br /><br />Doze palavras são apenas um reflexo, mas penso que permitem visualizar uma imagem.<br /><br />Aproveitem a vida!<br />RafaelRafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5409125509176948314.post-80833818398756881572008-02-16T12:32:00.001+00:002008-03-06T10:41:38.213+00:00InícioO que me leva a escrever? Talvez para o filho que não tive... para os risos que não ouvi... para os choros que não acalmei... no fundo, para as esperanças que ainda não perdi de ser mais feliz, de encontrar nesta vida um sentido maior que não a simples passagem. Talvez por mim, talvez por ti. Para que nunca tenha de dizer adeus...<br /><br />Este espaço já existiu antes, mas quis recomeçá-lo, desde a primeira letra. Porque saber que posso partir do zero, corrigir os erros, consertar os estragos, é das coisas que me dá ânimo para encarar o mundo. E porque, simplesmente, quero encará-lo!Rafaelhttp://www.blogger.com/profile/00413175472275123826noreply@blogger.com6